segunda-feira, 3 de abril de 2006

Casamento

Geralmente quando se pergunta a alguém porque ele/ela vai se casar, a resposta nem sempre (ou quase nunca) é porque se ama o(a) parceiro(a). Na maioria dos casos os motivos são outros: para não ficar sozinho(a); porque faz muito tempo que se está namorando e já chegou a hora de partir para algo definitivo; porque todos de sua idade já se casaram, etc.. Excluindo-se a resposta padrão e unânime (e aqui não interessa o grau de veracidade) de que o motivo da união foi o amor, um dos principais motivos é o medo de ficar só.

Visto assim, o casamento funcionaria como uma espécie de cura para a solidão e a sensação de vazio. O segundo maior motivo é o desejo de construir um lar que represente conforto e segurança e, em terceiro lugar, estão as pessoas que se casaram porque viram que os outros a sua volta também se casaram.

Com razões tão vazias é muito provável que esses casamentos estejam desfeitos em alguns anos. Talvez seja um sinal dos tempos, ou talvez seja pelo fato de eu andar muito amargo ultimamente, mas acredito que a motivação e os requisitos para que um casamento dê certo mudaram muito. Houve um tempo em que as juras de amor eterno eram a motivação, quase exclusiva, para sustentar as expectativas do sucesso matrimonial, hoje fala-se em “afinidade”, e é aí que está o grande problema, na minha opinião, o matrimônio é uma espécie de despersonalização.
“Casar é conjugar e reside aí o fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, duas individualidades.”. Em outras palavras, isso equivale a anular dois sujeitos, com visões de mundo, histórias e projetos de vida diferentes numa única identidade conjugal. Isso sem falar nas concessões. No casamento tradicional (e durável), é fundamental que um saiba da vida do outro. Não só da vida, mas dos sentimentos, carências, conflitos... Há a necessidade de conhecer-se e ao outro... Ou seja, considerando-se que o motivo do casamento não foi o amor, é um preço muito alto a se pagar só para não ficar sozinho.

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