domingo, 1 de outubro de 2006

A alienação política e a direita brasileira

Um sentimento de nojo e indignação tem se apossado de mim ultimamente. Peço desculpas pelo desabafo, mas diante dos acontecimentos dos últimos dias, sinto a necessidade de colocar por escrito uma reflexão sobre as eleições, sobre a alienação política e o caminho que, acredito, seja o que queremos seguir.

Tenho ouvido muita gente dizer que vai votar nulo ou em branco porque se desiludiu com os rumos que o governo do PT tomou. Para essas pessoas, que se sentiram enganadas, abster-se do voto é uma atitude de revolta que simboliza a desforra pela “traição” cometida pelo PT. Dessa forma, o ato de tornar-se alienado constitui uma atitude de se desvencilhar, de se manter afastado, da sujeira e da corrupção tão alardeadas pela mídia.

No entanto, ser alienado político é observar a sociedade apenas superficialmente. É não ter o devido cuidado de estudá-la, de saber de onde se partiu ou do que foi feito para se chegar aonde ela chegou e, com esse conhecimento adquirido pela experiência, questionar e apontar caminhos que possam levar a um melhor progresso social, para que, dessa forma, se tenha uma sociedade mais igualitária. Para não ser alienado político é preciso descobrir a cada momento histórico o grupo político que tenha melhores condições de levar adiante o progresso social da humanidade.

Após a década de 60, quando nossas possibilidades foram interrompidas, o governo Lula foi o primeiro passo que demos em direção a um Brasil novo. É verdade que ainda estamos mergulhados no mundo neoliberal e na ideologia de mercado, mas é igualmente verdade que o governo que Lula está fazendo é superior ao do que o sociólogo fez, embora as variáveis que realmente interessem (desenvolvimento social, redução da pobreza etc.) sejam irrelevantes para a mídia e, principalmente, para a direita.

O que interessa para a direita, ao contrário do que ocorre com a esquerda, é tudo aquilo que sua classe possa aproveitar, ainda que seja prejudicial ao povo... O diabo é que, em sua propaganda maniqueísta, mente e manipula discaradamente a esse povo, seja tentando criar um um clima de desligitimação do governo por meio de "denúncias" da corrupção ou seja por meio da promoção de debates pseudo-democráticos.

O final infeliz da história é em dois atos: no primeiro, o povo tem seus votos tomados e, no segundo, lhe é dado as costas.

À espera dos bárbaros

Constantino Kaváfis (1863-1933)  O que esperamos na ágora reunidos?  É que os bárbaros chegam hoje.  Por que tanta apatia no senado?  Os s...