domingo, 20 de janeiro de 2013

Del amor navegante

Leopoldo Marechal

Porque no está el Amado en el Amante
Ni el Amante reposa en el Amado,
Tiende Amor su velamen castigado
Y afronta el ceño de la mar tonante.

Llora el Amor en su navío errante
Y a la tormenta libra su cuidado,
Porque son dos: Amante desterrado
Y Amado con perfil de navegante.

Si fuesen uno, Amor, no existiría
Ni llanto ni bajel ni lejanía,
Sino la beatitud de la azucena.

¡Oh amor sin remo, en la Unidad gozosa!
¡Oh círculo apretado de la rosa!
Con el número Dos nace la pena.



Do amor navegante

Porque não está o Amado no Amante
Nem o Amante repousa no Amado,
Estende o Amor suas velas castigadas
E afronta a face do mar trovejante.

Chora o Amor em seu navio errante
E à tormenta livra seu cuidado,
Porque são dois: Amante desterrado
E Amado com perfil de navegante.

Se fossem um, Amor, não existiria
Nem pranto nem navio nem distância
Apenas a beatitude da açucena.

Ó amor sem remo, na Unidade gozosa!
Ó círculo apertado da rosa!
Com o número Dois nasce a pena. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Final Del Año

Jorge Luís Borges

Ni el pormenor simbólico
de reemplazar un tres por un dos
ni esa metáfora baldía
que convoca un lapso que muere y otro que surge
ni el cumplimiento de un proceso astronómico
aturden y socavan
la altiplanicie de esta noche
y nos obligan a esperar
las doce irreparables campanadas.
La causa verdadera
es la sospecha general y borrosa
del enigma del Tiempo;
es el asombro ante el milagro
de que a despecho de infinitos azares,
de que a despecho de que somos
las gotas del río de Heráclito,
perdure algo en nosotros:
inmóvil.

Final do ano

Nem o pormenor simbólico
de substituir um dois por um três
nem essa metáfora baldia
que convoca um lapso que morre e outro que surge
nem o cumprimento de um processo astronômico
aturdem e minam
o planalto desta noite
e nos obrigam a esperar
as doze irreparáveis badaladas.
A causa verdadeira
é a suspeita geral e apagadora
do enigma do Tempo;
é o assombro ante o milagre
de que a despeito de infinitos azares,
de que a despeito de que somos
as gotas do rio Heráclito,
perdure algo em nós:
imóvel.                 

À espera dos bárbaros

Constantino Kaváfis (1863-1933)  O que esperamos na ágora reunidos?  É que os bárbaros chegam hoje.  Por que tanta apatia no senado?  Os s...